Abundância, escassez e os impactos nas estratégias e relações

Esta dualidade me foi apresentada pela primeira vez pelo João Pedro Zen Bassani. Agimos com base em uma ou outra de maneira dinâmica – ao longo do dia, dos meses e assim por diante. Somos movidos pela escassez/medo quando duvidamos das evidências, não confiamos, nos distanciamos dos outros. A abundância, ao contrário, impõe um movimento de investir, buscar explorar ao máximo novas oportunidades e integrar novas possibilidades. Em resumo, ambas se manifestam pelo pensar e agir das pessoas.

Como as empresas são constituídas por pessoas, percebo que esta dualidade também está presente na priorização de estratégias de crescimento. Inclusive, na maioria das vezes, evidenciando a escassez como lógica dominante.

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Frases empresariais típicas sobre o mindset de escassez

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“Ok que o mercado tende a crescer 20%, mas eu não acho que ele vai crescer tanto assim… por isso vou botar apenas 50% do investimento pedido!”

“O novo produto é bom, mas eu sei que o nosso time não está pronto pra operar ele, por isso vamos manter o foco apenas na unidade principal.”

“Não vou compartilhar com o time os planos para o próximo ano, porque sempre que eu vou com ideias ainda embrionárias elas são podadas…”

 

Sei que abundância e mercados em queda, restritivos, são dois conceitos que parecem não conversar… mas, ao contrário do que se pode pensar, eles, sim, conversam!

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Abundância X escassez: o que ganhamos com isso

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O foco está em conciliar capacidades da empresa e resultados pretendidos. Quando o pensamento está centrado na abundância, conseguimos nos desprender de produtos/mercado/canais que não nos trarão o que queremos (e que, inclusive, nunca nos trouxeram em muitos casos!). Assim passamos a encarar os problemas de frente – justamente por entender que nossas capacidades enquanto empresa (ou indivíduo, dupla, casal, grupo, o que for) devem ser valorizadas.

Logo, quando falo de abundância X escassez, não falo sobre um conceito híper abstrato aqui. Fica implícito o convite para um exercício de reflexão individual: “face ao que eu estou dizendo e pensando, o que está presente por trás?”. O ponto não é sobre abraçar o mundo, julgar tudo como abundante. É sobre ter consciência do que tem sido o pensamento dominante e – na minha visão enquanto consultor – refletir sobre o que está acontecendo de errado, caso a lógica de escassez esteja muito mais presente que a sua lógica oposta.

No momento de revisões de final de ano, vale o questionamento então:
As mudanças da  sua empresa estão sendo priorizadas com consciência sobre a presença dos vieses individuais de abundância ou escassez nas lideranças?

 

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Texto por André Atarão, Sócio Fundador da Alfaiate . Consultoria em Estratégia.

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